terça-feira, 3 de outubro de 2017
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
Ora, a Lei!
Recente
pesquisa feita pela UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais – aponta que muitos
brasileiros são propensos a cometer infrações que julgam ser de menor valor.
Oferecer dinheiro para se livrar de multas de trânsito não é considerado
corrupção por 23% da população. Outros 35% acreditam que algumas coisas podem
ser “um pouco erradas”, mas não corruptas, como sonegar impostos quando a taxa
for alta.
Notem que
esse comportamento predispõe tolerância a atos de desvio de conduta de uma
maneira geral, o que é altamente reprovável. Ao mesmo tempo em que nos
indignamos com a corrupção em órgãos do governo, compramos um CD pirata. A
mesma pessoa que, aos gritos, acusa servidores de desvios de dinheiro público,
sonega imposto de renda. Quase com um comportamento bipolar seguimos nosso dia
a dia com inúmeras inconsistências. Temos a falsa ideia de que a corrupção está
somente na esfera pública. Não é normal alunos que colam em provas escolares. Não
normal falsificar carteirinha de estudante para pagar menos em shows, e cinemas.
Não é legal sonegar nota fiscal ou burlar o sistema de TV por assinatura.
Solicitar vantagens em troca de outro favor é o início do processo corruptor.
Nos
dicionários CORRUPÇÃO: s.f.
Ação ou efeito de corromper, de fazer degenerar; depravação.
Ação de seduzir por dinheiro, presentes etc., levando alguém a afastar-se da retidão; suborno. (Var.:
Ação de seduzir por dinheiro, presentes etc., levando alguém a afastar-se da retidão; suborno. (Var.:
Quero
lembrar que educamos pelos nossos atos e não pelas palavras. Ao mesmo tempo em que,
assistindo ao noticiário no conforto de nossa casa bebericando uma cerveja e
nos indignamos com casos de motoristas embriagados, não encontramos problemas
em sair com nossos veículos após uma festinha regada a álcool. É como se o
problema existisse apenas na casa do vizinho.
Talvez,
seja muito massacrante a onda de casos de desvio de conduta a que somos
submetidos pela mídia - gerando uma impressão de banalidade - o que não
justifica a passividade ou até mesmo a conivência existente. Estamos diante de
um imbróglio ético, onde a questão pessoal suplanta a pública.
Interessante
salientar que essa situação não ocorre – ou talvez em mínima escala – em nações
que vivem sob alto controle social, político ou religioso onde a liberdade de
expressão é limitada. Fica aí um desafio para a democracia.
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
Que venha só a Gabriela.
Lembro-me de discussões políticas
onde as argumentações tinham lado. Direta ou esquerda. As coisas corriam de uma
maneira, digamos mais ordenada. Quase previsível. Pessoas com mais idade eram
de direita. Pessoas mais novas eram de esquerda. Uma cisão clara entre o
conservadorismo e o novo.
O esforço da
direita, para manter as coisas como estão, era diretamente proporcional ao
empenho da esquerda pelas mudanças. A
direita era pela manutenção da ordem. A esquerda anárquica. A direita era
militar. A esquerda subversiva.
Reconheço
que a tranquilidade e conforto gerados pelo pensamento conservador são
atraentes, afinal, em time que está ganhando não se mexe. Porém, no Brasil, a
corrente conservadorista ficou atrelada a não evolução. Engessamento do estado.
Criou-se uma visão coronelista de se governar, onde senhores de engenho
exerciam poder sobre tudo e todos. A TV nos mostrou claramente isso na série global
Gabriela – adaptação do romance Gabriela, cravo e canela de Jorge Amado. Vimos
coronéis, de dedo em riste, afrontando juízes e delegados de polícia. Tudo é
valido para a manutenção do poder.
A esquerda
vinha com um discurso novo. Mexendo com as bases da sociedade. Vertendo para
baixo as antigas estruturas de poder. Um pensamento igualitário onde todos
poderiam ascender socialmente. Uma tentação para a mocidade que adentrava ao
mercado de trabalho com sede de crescer e realizar seus sonhos. Assim tivemos
um grande engajamento.
Mas o tempo
passou, as ideias mudaram, os jovens esquerdistas passaram para o centro e a
direita praticamente desapareceu. Não vejo um partido que possa ser apontado
com genuinamente de direta. A antiga ARENA – Aliança Renovadora Nacional –
maior representante da direita gerou o PDS depois o PFL que virou DEMOCRATAS,
que alimentou a criação do PSD que sustenta uma ideologia de centro/direita. O
antigo MDB – Movimento Democrático Brasileiro – fundado por opositores a ARENA,
ou seja, de esquerda, gerou o PMDB que alimentou o PSDB que sustenta uma
ideologia de centro/esquerda. O PT – Partido dos Trabalhadores – um dos maiores
movimentos de esquerda da America do Sul, com uma ideologia social democrata,
ligado a dirigentes sindicais a católicos da Teologia da Libertação, rompe
antigas disputas e posiciona-se como principal legenda de esquerda. Mas como
disse acima, o tempo passou as ideias mudaram e o PT passou para
centro/esquerda.
Enfim,
todas as legendas têm em suas bases preceitos centristas. Nada de radicalismos,
exceção ao PSTU e Psol – este, aliais conseguiu eleger dois prefeitos Itaocara
(RJ) e Macapá (AP). Antigos discursos ideológicos foram “deixados” de lado em
função dos resultados a serem alcançados. Vivemos, então, uma crise ideológica
pela falta de sua definição.
As legendas
evoluíram já as práticas nem tanto. Ministros do Supremo Tribunal Federal tem
sido assediados nos moldes do romance do mestre Jorge Amado, por novos coronéis
hoje no banco dos réus.
Bem, se trouxerem de volta hábitos e personagens
da trama global, melhor que venha só a Gabriela.
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
O Rei está nu!
A fábula
infantil As Vestes do Rei, do holandês Hans Christian
Andersen de 1837,
narra a chegada de um bandido que se passa por um alfaiate de altíssima
qualidade, sem similar no reino. Porém só os mais inteligentes teriam a
capacidade de ver as confecções criadas com fios especiais, revolucionários.
Imediatamente o farsante conseguiu vários admiradores que, diante da
“magnificência” das criações, tratavam seu trabalho como divino. Após muito
tempo e com os bolsos cheios de riquezas, fingindo tear fios mágicos, o
alfaiate apresentou as vestes reais que encantou a todos que não queriam passar
por estúpidos. Rapidamente foi organizado um desfile onde o Rei usaria os
trajes especiais, invisíveis aos mais discretos intelectualmente. Palácio repleto
com os mais nobres súditos inicia-se o desfile real. Adentra ao salão sua
majestade, ostentado suas novas e invisíveis roupas, quando a cruel franqueza
infantil desmascarou o embuste. Uma criança observou o óbvio, e exclamou: O Rei
está nu!
A analogia
se relaciona às revelações apresentadas no julgamento do mensalão. O eminente ministro
do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa relator do processo sobre o
Mensalão, escancara as entranhas do governo, principal beneficiado pelo esquema,
com minúcias impróprias para menores de 16 anos. O que se pretendia, além da
perpetuação do poder, era a transformação de parlamentares em meros
subservientes de um complexo esquema de corrupção que atentava contra a democracia.
A arrogância do pensamento supremo de que apenas uma diretriz política seria
capaz elevar o país ao nível de nação desenvolvida foi o combustível para se
arquitetar tal plano.
O decano
ministro do STF Celso de Mello, externou sua perplexidade na declaração "Nunca vi tão nitidamente caracterizado
o crime de formação de quadrilha.", acompanhado pelo ministro Marco
Aurélio Mello que assinalou em seu voto condenatório, "No caso, houve a formação de uma quadrilha das mais complexas,
envolvendo na situação concreta o núcleo dito político, o núcleo financeiro e o
núcleo operacional. Mostram-se os integrantes em número de 13. É sintomático o
número. Mostraram-se os integrantes afinados."
Vísceras
expostas não restam dúvidas sobre origem, finalidade e beneficiados com o
mirabolante plano. Os ministros do STF demonstram que temos maturidade jurídica
necessária para não ceder às pressões, que não são poucas, que recaem sobre
suas togas e afirmam em alto em bom tom: O REI ESTÁ NU!
Não podemos
imaginar que tamanha afronta ocorria sem a anuência total da estrela mais
reluzente do poder executivo. Não podemos imaginar que houvesse outro propósito
sequer que não seja de golpe contra o sistema democrático. Na afirmação do
ministro Gilmar Mendes "Motivação
política não exclui o crime de quadrilha", está a essência da ação.
Contrário à
fábula de Andersen, onde a obviedade é engolida pela vontade de poder de
alguns, sou pela reprimenda do ministro Marco Aurélio Mello: "A República não suporta mais tanto
desvio de conduta.”
terça-feira, 16 de outubro de 2012
E agora José?
A festa
acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
Nunca, na
história recente desse país, se assistiu tanto a TV justiça. Com uma audiência
de causar inveja aos canais abertos, o enfadonho canal de informações judiciais
ganhou status de “big brother”, escancarando as entranhas tortuosas dos nossos
tribunais com seus maneirismos. Fato que vem alterando nosso dia a dia.
Expressões até então apenas usadas e conhecidas por advogados (alguns), e
juristas estão na boca do povo. Ouvi, numa sofisticada discussão de bar, um dos
debatedores pedir “vênia” para expor sua contrária opinião sobre a temperatura
ideal da cerveja, enquanto apontava o garçom como parte fundamental na Teoria
do Domínio do Fato. Se por um lado temos um aprimoramento da cultura popular,
sem entrar no mérito, temos também o crescimento da expectativa da conclusão da
novela O Mensalão.
Os
ministros do STF adquiriam exposição nacional e são assediados nas ruas como
verdadeiras estrelas de TV. Porém, queremos muito mais do que aprender novos
jargões ou teorias. Queremos saber se as pessoas serão realmente punidas. Serão
presas? Pois no entendimento popular é isso que se espera da última instância
de julgamento no país. Não há pra onde correr. Ou há?
É de
importância suprema, sem trocadilhos, que a sentença seja exemplar e que seja
cumprida. Ao custo da completa inversão de valores. Caso a pena aplicada não
obtenha “aprovação” popular, o penalizado poderá ser o STF, que cairia em
grande descrédito. Seria a oficialização do tudo vale, tudo pode. O grande penalizado
seria o povo brasileiro.
Além dos
quesitos técnicos jurídicos que devem ser observados pelos ministros, o clamor
popular por exemplaridade deverá constar da sentença.
Talvez o
mestre Drummond já tenha nos dado um aviso,....
o dia não
veio,
o
bonde não veio,
o
riso não veio,
não
veio a utopia
e
tudo acabou
e
tudo fugiu
e
tudo mofou,
e
agora, José?
sábado, 13 de outubro de 2012
Aquecimento global
Todos os
dias somos bombardeados com um volume enorme de informações sobre o aquecimento
global. Derretimento de geleiras e o consequente aumento dos níveis dos
oceanos. Efeito estufa com secas de proporções bíblicas, mudanças climáticas
nunca vistas onde mal sabemos em que estação estamos. Calor infernal no inverno
e chuvas intensas quando não se espera. Enfim, vivemos tempos de mudança.
Muito se
atribui a ação do homem. Aparecemos com principal vilão de toda essa história. Com
nossas fábricas, carros, aviões e navios. Com nossa agricultura, pecuária e
enfim, com nosso modo de vida. Não pretendo iniciar uma discussão técnica sobre
a causa do aquecimento do planeta, mas vale lembrar algumas opiniões
divergentes.
Com maior
penetração na mídia temos o discurso catastrófico e apocalíptico daqueles que
apontam o homem como o algoz do nosso planeta. Não há a possibilidade de citar
nomes, esse artigo não comporta tanto, fica para registro o Greenpeace, histórico
grupo de defesa do meio ambiente.
Do outro lado,
céticos como o professor de climatologia Ricardo Augusto Felício, da USP, que
vem ganhando espaço na mídia dando como “mito” muitas das afirmações e
previsões feitas por ecologistas. Aqui quero fazer uma observação: acompanhei
por um período o emérito professor Aziz Ab'Saber, reconhecido mundialmente como
um brilhante geógrafo e crítico voraz dos estudos divulgados pelo IPCC - Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas. O professor
Aziz afirmava que tais estudos não observaram o Optimum Climático – período ocorrido
há 5 ou 6 mil anos em que houve grande aquecimento do globo.
Mas, como
disse no início, não vou levantar uma discussão técnica sobre o tema. O
objetivo é levantar um debate sobre o modo de vida que adotamos. Esse sim
responsável pela agressão ao meio ambiente. Somos responsáveis sim, pela enorme
quantidade de lixo acumulado nas ruas e cidades. Somos responsáveis sim, pelo
consumo desmedido apenas pelo consumo. Somos responsáveis sim, pela cultura da
quantidade em detrimento da qualidade.
Observem
que essas questões estão ligadas a cultura que fomos criados. As relações de
poder são calcadas no consumo. No quanto você pode comprar. Não usamos mais a
força física para caçar ou subjulgar. Usamos a força econômica para isso, com grandes
índices de consumo de futilidades que nos projetam “poder”.
Enfim, mito
ou verdade as questões que nos afligem em relação ao meio ambiente estão
relacionadas à educação. Discutir, entender, opinar e levar o tema a todos os
meios é uma forma de chegarmos a um conceito comum.
E não há
dúvida que precisamos discutir sobre o tema. Sobre nosso futuro.
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